Ser contra o impeachment da presidente Dilma não é ser
petista, esquerdopata, anti-coxinha ou qualquer coisa do gênero. Ser contra o
impeachment é ser sensato e reconhecer que retirar uma presidente do poder
nesse momento significa se afogar ainda mais nessa crise. Economia e política
andam lado a lado, se uma afunda, a outra vai junto. Inocente é aquele que acha
que Aécio Neves é a solução para o país. Mais inocente ainda é aquele que pensa
que o impeachment é a solução para lutar contra a corrupção. Ora, é justo que
um político como Eduardo Cunha aponte o dedo para alguém? A famosa pedalada
fiscal é praticada nesse país há anos. É verdade que dessa vez os números são bem
maiores do que antes. Estima-se que foram R$ 57 bilhões de reais. Comparada as
façanhas de Cunha, isso não é nada, afinal esse dinheiro das pedaladas não
foi para o bolso da presidenta, na verdade serviu para pagar as contas
públicas, os programas sociais e impedir um rebaixamento futuro da nota de
risco do país, o que pioraria a crise. Há aqueles que dizem: “sensato é pedir pela
cassação dos dois, Cunha e Dilma.” Discordo, profundamente.
Ver o Cunha falar na TV me dá nojo, me dá por um momento vergonha
de ser brasileiro (apenas por um momento). Infelizmente, ele conhece o sistema,
conhece a legislação, é a tradução de Brasília em pessoa, é um filho da puta.
Tem muita gente comendo na mão dele e muitos irão cair com o Francis Urderwood
brasileiro ( comparação bem banal, é verdade). Cunha é esperto, carioca da gema
e malandro. Sabe que vai cair e vai cair atirando para todos os lados. Além do
impeachment, deu continuidade à CPI do BNDES. Agora fedeu. Se você pensa que a
Petrobras é a empresa brasileira mais suja, se engana. Se a presidenta está
envolvida em qualquer um desses casos, merece cair, mas que se prove isso não
apenas com falácias de um parlapatão qualquer que resolveu dar com a língua nos
dentes. Acho que o tempo do PT já deu nesse país. Acho que o país precisa de
gente nova na política (sei que é uma utopia). As múmias de Brasília precisam
voltar para as suas tumbas e nunca mais retornarem, já deu o que tinha que dar. Em 2018
espero que o cenário seja diferente, mas que até lá Dilma continue no poder. Vai ser difícil sobreviver a esse ambiente
político caótico. Sou da linha de pensamento que acredita que uma mudança
brusca em momento como esse pode piorar a situação. Veja bem, agora perderemos
2 ou 3 meses (até mais) discutindo um impeachment que dificilmente irá
acontecer, enquanto podíamos estar discutindo a reforma econômica ou qualquer
outra coisa mais produtiva. Se hipoteticamente Dilma sair do poder, o
substituto vai levar um bom tempo para conseguir colocar a casa em ordem, seja
ele Aécio, Lula, Marina ou o escambal de Madureira. A previsão de retorno de crescimento
que é para 2017, vai ficar pra 2018. Em tese, quero dizer que é bem mais
prático deixar esse governo trabalhar até 2018 do que retirá-lo agora e causar
ainda mais turbulência. A pergunta é: a direita sedenta por poder vai
aguentar esperar até lá, ou se vão continuar articulando meios absurdos de
chegar ao poder?
Disse acima que por um momento tive vergonha de ser
brasileiro. Passou. Não há motivos para ser pessimista. As coisas estão
mudando, principalmente no combate a corrupção. É CPI da CBF avançando, Lava
Jato pra lá da sua vigésima fase, CPI do BNDES, investigação nos fundos de
pensão, tudo isso é motivo para nos sentirmos confiantes. O engraçado é que só
os processos contra o PSDB continuam engavetado. Mensalão tucano, irregularidades
no metrô de São Paulo, privataria e tantos outros. Em pouco tempo, a ideia de
que roubar no Brasil é vantajoso e fácil cairá.
Se engana quem pensa que é só o PT quem rouba. Se engana
quem defende o PT com unhas e dentes. Se engana quem pensa que o caminho é pela
direita brasileira. O caminho é votar em 2018, mandar as múmias de volta para a
tumba. Até lá, vamos nos estapear nas discussões pelo Facebook, vamos xingar o
coleguinha de coxinha ou esquerdopata. É assim que resolvemos os problemas. Com
ódio, né abiguinhos?