Henrique Meirelles (esq.) e Joaquim Levy na 10ª Edição do Encontro Nacional da Indústria, no Centro Internacional de Convenções em Brasília |
Não é
novidade nenhuma que a tensão em Brasília não está apenas no Congresso. Os
Ministérios da presidente Dilma vêm sofrendo com a decisão do ex-presidente
Lula de tentar colocar seus antigos escudeiros no poder. O primeiro a ser
decapitado por Lula foi Aluízio Mercadante que até então estava na Casa Civil e
foi devolvido – ou chutado de volta- para o Ministério da Educação. Em seu
lugar foi colocado Jaques Wagner, outro soldado de Lula. Os alvos da vez do
petista-mor agora são o Ministério da Fazenda e o da Justiça. Por coincidência ou
não, todas essas perseguições, principalmente ao Ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, começaram logo depois da operação da polícia federal que investiga o
envolvimento de sócios do filho de Lula em escândalos de corrupção. Deixando os
motivos pessoais de lado, é óbvio que todas essas manobras são uma estratégia do
cacique petista para tentar deixar o governo com a sua cara.
Dito isso,
vamos focar na situação de Joaquim Levy na capital do país. Desde que chegou ao
cargo, Levy nunca foi unanimidade dentre a esfera petista, principalmente dentre
os Lulistas. Muitos relembraram da sua passagem pela Secretária do Tesouro (2003-2006),
quando foi apelidado de “mãos de tesoura” por conter gastos públicos. A partir
daí, Levy conquistou a antipatia definitiva de Lula. O mundo deu voltas e no
início desse ano Levy assumiu com a promessa de manter a inflação sobre
controle e recuperar rapidamente a economia nacional. Não precisa ser um expert em economia para
saber que nada disso aconteceu. Além de uma inflação descontrolada- estimada
para acabar o ano na casa dos dois dígitos- a ameaça de termos uma recessão por
dois anos seguidos assusta, uma vez que isso não acontece por aqui desde
1930/31. A situação do Ministro da Economia é tão desfavorável que no âmbito
popular é dele a culpa pela crise. Cartazes de “Fora Levy” já aparecem ao lado
dos cartazes de “Fora Cunha” em manifestações. Vejam só, o pobre Levy ao lado
do nada pobre Eduardo Cunha. A verdade é que em meio a um cenário político
caótico, não há nada que possa ser feito pela Fazenda para mudar essa situação. Vide
os 32 projetos feitos pela equipe econômica do Governo que foram todos (TODOS)
vetados há algum tempo atrás. Dessa forma, ninguém governa, ninguém tira o país
da crise.
Por trás de
tudo isso, aparece Henrique Meirelles, aliado de Lula e detestado por Dilma. Se
Levy tem uma postura chamada de fiscalista, Meirelles é “o cara da facilidade
de crédito”. Por essa e por outras é o indicado de Lula. Esse acredita que a
crise seria resolvida dando crédito para a população comprar seus móveis, carros,
casas e etc....Parece piada, mas o dinheiro para esse crédito sairia, pasmem,
dos cofres públicos. Não farei aqui as contestações óbvias a essa medida insana,
deixarei para vocês, caros leitores refletirem se os cofres públicos são capazes
de dar esses créditos. É óbvio também que essa posição de Lula se trata de uma
estratégia política de aparecer como “amigo de povo”, já pensando em 2018.
Há cerca de
um mês, quando começaram os primeiros rumores de que Levy sairia do cargo a
presidente Dilma deu a seguinte declaração: “Ele (Levy) não está saindo. Ponto.
Eu não trato mais desse assunto”. Se a presidente conseguira mantê-lo por muito
tempo fica para o próximo capítulo. A verdade é que o melhor para o país no
momento seria uma estabilidade política utópica- que sabemos que não vai
acontecer tão cedo - e para Levy, o melhor é tomar cuidado pois a foice de Lula
está afiada e sedenta por sangue.