quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

House of Cunha. Primeiro episódio. Ou o último?


Ser contra o impeachment da presidente Dilma não é ser petista, esquerdopata, anti-coxinha ou qualquer coisa do gênero. Ser contra o impeachment é ser sensato e reconhecer que retirar uma presidente do poder nesse momento significa se afogar ainda mais nessa crise. Economia e política andam lado a lado, se uma afunda, a outra vai junto. Inocente é aquele que acha que Aécio Neves é a solução para o país. Mais inocente ainda é aquele que pensa que o impeachment é a solução para lutar contra a corrupção. Ora, é justo que um político como Eduardo Cunha aponte o dedo para alguém? A famosa pedalada fiscal é praticada nesse país há anos. É  verdade que dessa vez os números são bem maiores do que antes. Estima-se que foram R$ 57 bilhões de reais. Comparada as façanhas de Cunha, isso não é nada, afinal esse dinheiro das pedaladas não foi para o bolso da presidenta, na verdade serviu para pagar as contas públicas, os programas sociais e impedir um rebaixamento futuro da nota de risco do país, o que pioraria a crise.  Há aqueles que dizem: “sensato é pedir pela cassação dos dois, Cunha e Dilma.” Discordo, profundamente.
Ver o Cunha falar na TV me dá nojo, me dá por um momento vergonha de ser brasileiro (apenas por um momento). Infelizmente, ele conhece o sistema, conhece a legislação, é a tradução de Brasília em pessoa, é um filho da puta. Tem muita gente comendo na mão dele e muitos irão cair com o Francis Urderwood brasileiro ( comparação bem banal, é verdade). Cunha é esperto, carioca da gema e malandro. Sabe que vai cair e vai cair atirando para todos os lados. Além do impeachment, deu continuidade à CPI do BNDES. Agora fedeu. Se você pensa que a Petrobras é a empresa brasileira mais suja, se engana. Se a presidenta está envolvida em qualquer um desses casos, merece cair, mas que se prove isso não apenas com falácias de um parlapatão qualquer que resolveu dar com a língua nos dentes. Acho que o tempo do PT já deu nesse país. Acho que o país precisa de gente nova na política (sei que é uma utopia). As múmias de Brasília precisam voltar para as suas tumbas e nunca mais   retornarem, já deu o que tinha que dar. Em 2018 espero que o cenário seja diferente, mas que até lá Dilma continue no poder.  Vai ser difícil sobreviver a esse ambiente político caótico. Sou da linha de pensamento que acredita que uma mudança brusca em momento como esse pode piorar a situação. Veja bem, agora perderemos 2 ou 3 meses (até mais) discutindo um impeachment que dificilmente irá acontecer, enquanto podíamos estar discutindo a reforma econômica ou qualquer outra coisa mais produtiva. Se hipoteticamente Dilma sair do poder, o substituto vai levar um bom tempo para conseguir colocar a casa em ordem, seja ele Aécio, Lula, Marina ou o escambal de Madureira. A previsão de retorno de crescimento que é para 2017, vai ficar pra 2018. Em tese, quero dizer que é bem mais prático deixar esse governo trabalhar até 2018 do que retirá-lo agora e causar ainda mais turbulência. A pergunta é: a direita sedenta por poder vai aguentar esperar até lá, ou se vão continuar articulando meios absurdos de chegar ao poder?
Disse acima que por um momento tive vergonha de ser brasileiro. Passou. Não há motivos para ser pessimista. As coisas estão mudando, principalmente no combate a corrupção. É CPI da CBF avançando, Lava Jato pra lá da sua vigésima fase, CPI do BNDES, investigação nos fundos de pensão, tudo isso é motivo para nos sentirmos confiantes. O engraçado é que só os processos contra o PSDB continuam engavetado. Mensalão tucano, irregularidades no metrô de São Paulo, privataria e tantos outros. Em pouco tempo, a ideia de que roubar no Brasil é vantajoso e fácil cairá.

Se engana quem pensa que é só o PT quem rouba. Se engana quem defende o PT com unhas e dentes. Se engana quem pensa que o caminho é pela direita brasileira. O caminho é votar em 2018, mandar as múmias de volta para a tumba. Até lá, vamos nos estapear nas discussões pelo Facebook, vamos xingar o coleguinha de coxinha ou esquerdopata. É assim que resolvemos os problemas. Com ódio, né abiguinhos?


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